Um Bebé especial

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Foi o dia mas feliz das nossas vidas. Era o nosso primeiro rebento e o primeiro neto da família. Apesar da ansiedade de ser mãe pela primeira vez, a gravidez correu bem e uns dias antes do Natal de 2001, nasceu o Rafael.

Um bebé alegre, bem-disposto e muito observador. Adorava fixar o olhar nos brinquedos pendurados no berço. Quando fez um ano, o Rafael não ainda dizia as famosas palavras “mamã” e “papá”, somente apontava para os objectos que queria fazendo um pequeno som (ah!,ah!). Expondo o caso ao médico de família conclui-se que o Rafa era um daqueles bebés preguiçosos e com o passar do tempo ia normalizar.

Chegaram os dois anos. O Rafa era uma criança sossegada, mas ao mesmo tempo agitada, brincalhona, mas sozinha no seu mundo. Adorava rodopiar todos os objectos, o que toda a gente achava imensa graça. Resolvemos marcar uma consulta de desenvolvimento no Hospital Pediátrico de Coimbra, pelo facto de pressentir-mos que alguma coisa não estava bem.  

Foi por volta dos três anos que caiu a “BOMBA”. O Rafa foi diagnosticado com Autismo.

Primeira reacção: sentimento de negação, de revolta, de traição, de tragédia, de angústia.

Segunda reacção: tentar saber o mais possível sobre o tal “Autismo”.

Terceira reacção: aceitação dos factos. Interiorizar que não era um sonho mas sim a realidade, por mais penosa que pareça.

Nos dias que correm, sinto que já travei e ganhei pequenas batalhas, mas tenho a sensação de que a maior ainda está para chegar. Dou por mim impedida de cruzar os braços por muito que por vezes me apeteça, quando cansada. Mas acredito, que irei conseguir ultrapassar todos os obstáculos por mais difíceis que se apresentem. A minha maior angústia é o futuro, pois quando aqueles que o amam e protegem lhe faltem, como será tratado? Como se irá sentir? Qual o seu futuro? Penso que são questões que todas mães de crianças autistas se questionam e é aqui que entra a APPDA-Viseu . Com todas as suas valências, apoios e meios disponíveis, nos ajudam a encontrar caminhos alternativos para conseguirmos alcançar a luz, que acredito, que existe no fundo do túnel. 

Vamos acreditar que a nossa sociedade vai mudar a sua atitude perante estes meninos tão especiais. Ao contrário que muita gente pensa uma criança autista é dócil, meiga, sensível, obediente, sem maldade… a sociedade só tem a aprender com ela.

                                                                                                Paula Cruz


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